quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O impacto da globalização no desenvolvimento de Moçambique





Autora
Orlanda André Langa



Especialização em HISTORIA



Tema: O impacto da globalização no desenvolvimento de Moçambique







Instituto superior de educação e tecnologia


Changalane-Namaancha-Maputo


Agosto de 2014




RESUMO


O relatório que se apresenta tem como tema, “o impacto da globalização  no desenvolvimento de Moçambique” e apresenta como objetivo geral, Compreender a influência da globalização no   desenvolvimento de Moçambique”.  
Com o presente trabalho, mostramos o quanto é importante o estudo da história para o entendimento dos acontecimentos que temos observado no nosso dia-a-dia, como é o caso das guerras, lutas entre as nações e muito mais. Portanto, com este estudo, participamos na mudança de mentalidade dos estudantes do ISET (instituto superior de educação e tecnologia) do Curso de Desenvolvimento Comunitário no que concerne ao entendimento da globalização e desenvolvimento de Moçambique.

No texto que segue, nas paginas subseqüentes se apresenta o contexto em que a globalização poe em causa o processo da participação da população na economia do país. Como sendo do conhecimento de todos, o meio rural muitas das vezes carece de infra-estruturas e serviços básicos aos mais necessitados.

Palavras chave: Globalização, História, Desenvolvimento

1.      INTRODUÇÃO


O relatório tem como titulo, O Impacto da Globalização no Desenvolvimento de Moçambique”.
Durante os estudos do módulo de história, compreendemos o quanto é importante o conhecimento dos factos vividos no passado para entendermos o presente e melhor planificarmos o futuro.
Procura-se com este relatório refletir e mostrar com fatos os desafios com quais nos deparamos atualmente decorrentes da globalização.  Neste contexto, percebemos que com o surgimento da globalização, o modelo de desenvolvimento (Capitalismo) adoptado em Moçambique não amplia os postos de trabalho, não reduz a pobreza e não ajuda a diminuir as desigualdades sociais. A história mostra-nos através dos factos que os Africanos sofreram 500 anos de colonização, onde os nativos eram vistos como se fossem animais. Eles não podiam participar na economia do Pais mas sim trabalhar nas propriedades dos colonizadores.

Moçambique faz parte dos países que sofreram no passado com a colonização portuguesa e que no futuro corre sérios riscos com a descoberta dos recursos naturais e minerais, agudizar a situação. Isto já começa a ser claro com a força que as empresas multinacionais detêm.
O presente relatório tem como objetivo geral compreender a influência da globalização no  desenvolvimento de Moçambique e desdobra se em três objetivos específicos, a saber:  (i) estudar a história da participação dos pobres na economia Nacional; (ii) mostrar as dificuldades vividas pelo povo face à globalização e;(iii) avaliar os efeitos da globalização no desenvolvimento de Moçambique.

Para melhor entendimento e desenvolvimento do tema contamos com a participação dos jovens do Curso de Desenvolvimento Comunitário do Instituto Superior de Educação e tecnologia através de um debate interativo e acadêmico.

1.1.Tema:

§  O impacto da globalização no desenvolvimento de Moçambique

1.2.Problema:

§  Como a globalização interfere no processo de desenvolvimento de Moçambique, principalmente dos pobres?

1.3. A Relevância do Tema


O tema é relevante a partir do momento em que o desenvolvimento de Moçambique ocorre num ambiente de globalização. O poder de decisão sobre investimentos, crescimento e desenvolvimento está sendo transferido para as multinacionais. Os pobres representam mais de 60% da população no pais, vivem do que produzem, dedicam-se a agricultura dependente das chuvas para o seu sucesso. Se não conseguem o mínimo para se alimentar, de forma alguma estão em condições de competir numa economia cada vez mais global. Passam fome e consequentemente privação o que os limita em participar na economia do pais.
Os sectores de produção não têm como escapar da globalização. A globalização é um tema actual e como sendo num  pais com tanto potencial e recursos, é importante criar interesse e debates em torno do tema.

1.4.Manifestação do Problema 


A globalização em Moçambique tem contribuído para aumento do número de pessoas pobres. Após a independência no período de 1980, moçambique teve uma grande crise económica porque com a saída dos portugueses no país houve sabotagem de muitas máquinas e indústrias. Os moçambicanos não estavam capacitados para continuar a desenvolver o país isoladamente. Em 1985 e 1986 Moçambique foi forçado a adoptar políticas de reajustamento etrutural como forma de sair da crise em que se encontrava. Essas políticas de reajustamento estrutural tinha como objectivos a desvalorização da moeda nacional e desregulamentação do comércio. Contudo, hoje em dia, assistimos cenários em que há descoberta de recursos minerais no país, mas os Moçambicanos ainda continuam dependentes do estrangeiro para explorar e gerir. Podemos verificar um elevado número de pessoas pobres nas zonas rurais assim como urbanas. O povo não está consciencializado sobre o seu papel e contribuição no processo de desenvolvimento em Moçambique porque não tem sido envolvido nos processos de tomada de decisão.
Os governantes e algumas pessoas que também fazem parte da elite é que se beneficiam das vantagens da globalização e das omissões que o sistema permite. Exercem enorme influência sobre os negócios decorrentes no país e possuem liberdade de acção que o povo em geral não tem.

1.5.Objectivos Geral

  •    Compreender a influência da globalização no processo de  desenvolvimento de Moçambique

1.5.1.      Objectivo Específico

  •  Estudar a história da participação dos pobres na economia Nacional num mundo globalizado;
  •  Mostrar as dificuldades vividas pelo povo face a globalização;
  • Avaliar os efeitos da globalização em Moçambique.

1.6.Hipóteses

  •  O estudo da participação dos pobres na economia nacional pode oferecer estratégias para a compreensão de desenvolvimento de Moçambique;
  •  A identificação das dificuldades enfrentadas pelo povo face a globalização pode melhorar a compreensão do desenvolvimento de Moçambique

1.7.Grupo Alvo


Para a materialização deste trabalho, contamos com a participação de estudantes do Instituto Superior de Educação e Tecnologia do curso de licenciatura em desenvolvimento comunitário, equipa 2011(Finalistas)  e 2014 (primeiro ano academico). A razão do envolvimento destes estudantes é porque eles precisam de conhecer os factores que influenciam no fraco desenvolvimento do nosso país. Como futuros quadros e líderes dos distritos, eles precisam traçar estratégias que visem o melhoramento das condições de vida das populações numa perspectiva geral.
Com este grupo de estudantes, tivemos um debate no qual discutimos sobre a globalização e desenvolvimento de Moçambique e algumas sugestões de como podemos fazer para que o nosso país desenvolva e saia da Pobreza.

1.8.Metodologias usadas


Segundo Gil (1999) citado por Medeiros (2003:13), para a realização de uma investigação ciêntífica deve-se levar em conta um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos, que permitem que os objectivos sejam alcançados. Este conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos é chamado de método ciêntífico.

Portanto, para a materialização dos objectivos deste trabalho, definiu-se como método:

1.8.1.      Metodo bibliografico

Através da leitura de materias do módulo de história para nos informarmos sobre globalização no seu todo. Recorremos a manuais que relatam o período desde a sociedade de caçadores e recolectores até aos dias de hoje. Estes manuais nos facultaram o entendimento das questões de desenvolvimento ligadas a globalização que é o tema em estudo.

As tecnicas usadas para melhor desenvolvimento do presente trabalho foram observação e debate.

1.8.2.      Observação


Não deixamos de usar os nossos olhos para observarmos a nossa volta e tirarmos as nossas ilações sobre o nosso entendimento quanto as questões de desenvolvimento do nosso país. São várias as situações que conseguimos observar a partir das nossas vilas, distritos até as zonas urbanas. Observamos situações de total desigualdade entre as pessoas que vivem no mesmo país. Num país onde existe pobreza absoluta verificamos também que há riqueza absoluta. O que acaba criando essas desigualdades enormes.

1.8.3.      Debate


Esta técnica foi o nosso prato forte, porque através desta procuramos auscultar diferentes opiniões sobre o tema e ao mesmo tempo criamos abertura para que cada participante exprimisse as suas ideias e propostas de como os Moçambicanos podem fazer para saírem das garras dos opressores que acabam as suas riquezas em nome de ajuda.

CAPITULO 1

2.      Marco conceptual

2.1. Globalização


Não existe uma definição única e universalmente aceite para a globalização. De mencionar algumas definições de alguns autores e a nossa visão com relação ao termo.
Globalização é um processo dinâmico de crescente integração mundial dos mercados, de trabalho, bens, serviços, tecnologia e capitais. (Dehesa, 2000).

De acordo com Dicionário de Língua Portuguesa (1952, p.846) Globalização em economia é um fenómeno de interdependência de mercado e produtos a nível mundial.

E na nossa perspectiva, Globalização é o avanço tecnológico e aumento da competição entre os países do mundo em geral.

2.2. Desenvolvimento


De acordo com Artur (2008:6) desenvolvimento é um processo que permite as pessoas individualmente e ou em comunidade melhorarem o seu bem-estar e dos seus filhos, fazendo escolhas conscientes de melhores alternativas ao seu dispor.

Desenvolvimento é um processo de mudança progressiva que conduz a benefícios econômicos e sociais para todas as pessoas e tem lugar a diferentes níveis nacional, regional, distrital, comunitária, doméstico e individual (Endberg, 1990 citado por (Artur; 2008).
E para nós desenvolvimento significa uma mudança positiva.


2.3. [1]História é uma palavra com origem no antigo termo grego ‘historie’, que significa «conhecimento através da investigação». A história é uma ciência que investiga o passado da humanidade e o seu processo de evolução, tendo como referência um lugar, uma época ou um indivíduo específico .

2.4. [2]História é a ciência que estuda o Homem e a sua acção no tempo no espaço, concomitante á análise de processos e eventos ocorridos no passado’. (Wikipédia, a enciclopédia livre).

Nós entendemos História como ciência que estuda o passado para conhecer o presente e melhor planificar o futuro.


CAPITULO 2

3.      MARCO TEÓRICO

Início da Globalização


3.1.Período pré-histórico (10.000 a.C.-3.500 a.C.) 

Segundo  Steger, (s/d) na fase primitiva da globalização, o contacto entre milhares de grupos de caçadores e    recoletores  espalhados pelo mundo era limitado devido a própria localização do povo. Portanto, isso só mudou há cerca de 10.000 anos quando o ser humano começou a produzir o seu próprio alimento. Isso foi condicionado com diversos factores incluíndo o surgimento da agricultura e animais para a domesticação. O autor sustenta ainda que a globalização no período pré-histórico nota-se que era muito limitado, porque não existiam tecnologias capazes de superar obstáculos geográficos e sociais existentes. Com as longas distâncias entre os povos não era possível a materialização de interações duradoiras.  No final desta época com o surgimento da agricultura, religião e criação de animais a vida do homem teve muitos progressos e já permitiam a troca comercial entre os povos envolvidos. Isso leva-nos a crer a globalização surgiu a muitos anos atrás.

3.1.2. Período pré-moderno(3.500 a.C.-1500 d.C

A invenção da escrita na Mesopotâmia, no egipto e na China central entre 3500 e 2000 a.C. conscidiu aproximadamente com a invenção da roda por volta do ano 3000 a.C. no Sudoeste da Ásia. Essas invenções marcaram o encerramento do período pre-histórico e os estímulos tecnológicos e socias levaram a globalização para um nível novo. Com as boas condições climáticas verificadas na Eufrásia que condicionaram a rápida disseminação de sementes e animais adequados à produção de alimentos. Essas novas tecnologias foram se espalhando para locais distantes do continente em alguns séculos. A invenção da roda também foi muito importante porque surgiram carros de tracção animal e estradas permanentes que permitiam o transporte mais rápido e eficiennte de pessoas e mercadorias (Steger, S/d).

O autor sustenta ainda que período pré-moderno foi a era dos impérios, onde podemos encontrar reinos do Egipto, do Persa, do Império Macedónio, dos imperios Americanos, dos Astecas, dos Incas, do Império Romano, dos impérios da índia, do Império Bizantino, dos Califados Islâmicos, do Santo Império Romano, dos Impérios Africanos do Gana, Mali e Songhay e do Império Otomano. Todos esses impérios promoveram a multiplicação e o alargamento da comunicação a longa distância e a troca de cultura, tecnologia, bens de consumo e doênças. 

Segundo Steger, o mais duradoiro e com tecnologias avançadas  do pré-moderno foi o Império da China que revelou alguma das primeiras dinâmicas da globalização. 1700 várias dinastias chinesas governaram um império suportado por vastas burocracias que iriam estender a sua influência a regiões tão distantes como o tropical Sudeste Asiático, o Mediterrâneo, a Índia e a África Oriental. Um talento impressionante e realizações brilhantes estimularam novas descobertas noutros campos de conhecimento como Astronomia, a Matemática e a Quimica. As invenções tecnológicas seguidas pela China no decurso do período pré-moderno incluem um novo desenho das relhas do arado, a engenharia hidráulica, a pólvora, a exploração do gás natural, o compasso, os relógios mecànicos, o papel, a impressão, tecidos de seda e técnicas sofisticadas de trabalhar com o metal. A construção de vários sistemas de irrigação que consistiam em centenas de canais aumentou a produção e produtividade agrícola na região. A codificação da lei e a fixação de pesos, medidas e valores de moeda promoveu a expansão do comércio e dos mercados.
 ‘Por volta do século XV da Era Cristã, houve trocas comerciais entre China e África através do     oceano índico na costa oriental’( Steger: S/d). 

Houve mais aumento populacional  e o rápido crescimento de centros urbanos por causa dos     intercambios que existiam . Nesse momento começaram os  choques culturais resultantes dessas migrações. Portanto as religiões que tinham apenas uma importância local se transformaram nas principais regiões mundiais que hoje conhecemos como Judaísmo, Cristianismo, Islamismo, Hinduísmo e Budismo’. (Steger:S/d) 

Com maior densidade populacional e uma interação social houve surgimento de  novas doênças infecciosas. Os efeitos secundários da globalização podemos aqui referir a propagação de germes dos invasores europeus que provocaram a morte de 18 milhões de nativos americanos e o alastramento da religião marcam a separação entre o ‘velho mundo’ e ‘novo mundo’. (Steger:S/d) 

             3.1.3. Primódios do período moderno (1500-1750) 

Neste período, os europeus situados a noroeste dos Alpes beneficiaram da difusão de inovações tecnológicas originárias de esferas culturais islâmicas e chinesas. Nesse período houve inovações como a imprensa mecanizada, sofisticados moinhos de vento e de àgua, tecnologias marítimas actualizadas e técnicas de navegação existentes. Neste período surgiram novos valores como individualismo e acumulação ilimitada de materiais, os empresários económicos da Europa lançaram as bases daquilo a que veio  se chamar «sistema capitalista mundial». 

Os capitalistas emergentes não poderiam atingir a expansão global das suas empresas comerciais sem apoio dos seus respeitivos governos. Os reis de Espanha, Portugal, Holanda, França e Inglaterra investiram todos eles recursos significativos na exploração de novos mundos e na consturção de novos mercados inter-regionais que os beneficiaram  do que os seus parceiros comerciais.

3.1.4. Período moderno (1750-1970)

 ‘Nos finais do  Século XVIII, a Australia e as ilhas do pacífico foram incorporadas na rede de intercambio político, económico e cultural dominada pela Europa. As empresas  capitalistas do ocidente começaram a promover o individualismo e interesse pessoal. O trabalho passou a ser baseado nas politicas de mercado livre e na sua mão invisível. Em 1847, Karl Marx e Friddrich Engels, capta a mudança das relações sociais que empurrou a globalização para um novo nível no período moderno. O comercio mundial acelerou entre 1850 e 1914, com as actividades de bancos multinacionais, capitais e mercadorias fluviam através das fronteiras de uma maneira livre. As moedas que eram predominantes na circulação era libra, esterlina britanica e o florim dinamarques (Steger: S/d).

 ‘No século XX houve desenvolvimento das tecnologias de comunicação. Houve a explosão demográfica da população. O aumento foi de 300 milhões na altura do nascimento de cristo para 760 milhões em 1750, a população atingiu os 3.7 biliões em 1970. Houve aumento de intercambios culturais e tranformações de padrões sociais tradicionais, (Steger: S/d).’

3.1.4. Período contemporâneo (a partir de 1970)
‘Foi estimulada pelo desenvolvimento dos meios de comunicação e transporte, pela invenção da Internet bem como pela disposição dos diferentes países de reduzirem tarifas, se abrirem ao comércio e aos investimentos internacionais. Assim, as exportações industriais dos países em desenvolvimento passaram de 25% do total, em 1980, para cerca de 80% em 1998. (Banco Mundial (2003, citado por  Sousa  S/d:1).’


4.      Desigualdades económicas Mundiais na globalização


SegundoAlcoforado, (2005) a existência, há mais de cinco séculos de uma economia no mundo capitalista em processo de expansão ou de mundialização de capital foi um dos fatores determinantes do progresso econômico e social das economias dos Países capitalistas centrais e do retrocesso ou atraso das economias periféricas como é o caso de Moçambique.

No processo da globalização, grande parte do poder foi transferida de corporações nacionais e governos para corporações multinacionais. A riqueza no mundo tem estado concentrada, durante as últimas décadas em cada vez menos mãos de que antes.  Por exemplo, Moçambique depois da independência muitas empresas foram privatizadas. As indústrias maiores foram para companhias estrangeiras. Águas de Maputo passou a ser propriedade privada. Muitas crianças começaram a mendigar nas ruas enquanto alguns governantes ficavam ricos com as novas políticas capitalistas que foram adoptadas.

«Os países da periferia como África quando os países do sul tiveram industrialização não foram afetados. Os países capitalistas desenvolvidos acumularam grande volume de capital no período mercantilista. Os países periféricos não passaram por este estágio. O progresso técnico não avançou nesses países porque enquanto possuíam o status de colônia eram dependentes de tecnologias oriunda da metrópole, e mais tarde, quando se tornaram formalmente independentes não dispunham de capitais nem reuniam condições estruturais para promover o desenvolvimento científico e tecnológico. (“Alcoforado, 2005:25).»

Segundo Alcoforado (2005:50) o capitalismo desde o seu começo tem gerado ao longo da sua história, desigualdades de toda ordem, econômica, sociais, regionais e internacionais a partir da renda e riqueza entre os habitantes do mesmo país. O que podemos verificar é que há total desigualdade entre os Moçambicanos.

Em Moçambique há pobreza absoluta para os excluídos que são os pobres e riqueza absoluta para as pessoas que estão no poder como os governantes e os seus filhos através da mão invisível, dinheiro que é roubado aos trabalhadores.
O poder é usado para controlar o comércio global e impor acordos injustos dentro do comércio e pagamento da dívida, para interferir com políticas internas nos países mais pobres, para explorar recursos naturais de outros países e muito mais.
O livre comércio promovido pelos países ricos, não é livre e nem justo. Podemos considerar como um novo tipo de colonização. O colonialismo foi abolido, mas foi transformado em métodos mais inteligentes e lucrativos de redistribuir a riqueza a partir de pobres para ricos. Os exemplos claros disso é que com as trocas comerciais existentes entre Moçambique e os EUA ou outros países do primeiro mundo são totalmente desiguais.

4.2.Conseqüências da globalização para o povo Moçambicano


Globalização trouxe conseqüências adversas para o povo Moçambicano como, por exemplo:
O governo de Moçambique na segunda metade da década de 1980, empurrado pela necessidade de obter empréstimos do FMI e do BM para resolver questões financeiras que debilitavam a vida do País, vê-se numa situação de ter que abandonar o modelo de desenvolvimento socialista assumido nos primeiros anos da independência (Taimo, 2010:24).

Com a globalizacão em Moçambique nota-se um crescimento económico, mas não há desenvolvimento. Os exemplos práticos são que actualmente conseguimos verificar que existem muitos Moçambicanos com acesso a telemóveis, bicicletas, computadores e muito mais. Será que com a facilidade tecnológica com que nos deparamos hoje em dia significa desenvolvimento para o nosso país? Verdadeiramente que não, porque ainda encontramos muitas crianças sem acesso á educação, serviços sociais, cuidados de saúde, transporte público, reservas de água, terra, recursos naturais e minerais.

Um livre mercado devia garantir a riqueza e desenvolvimento. Mas não é o que conseguimos verificar. Com a globalização o poder de decisão sobre investimentos e conseqüentemente sobre crescimento e desenvolvimento das nações está sendo transferido paulatinamente para as multinacionais. As multinacionais não tomam as decisões concretas porque estão mais interessados com o desenvolvimento do ocidente e não de África. Significando que a soberania nacional está comprometida (Alcoforado, 2005:41). Concordando com o autor, é verdade que houve aumento de multinacionais no país e também nunca tínhamos assistido muitas pessoas formadas e sem emprego. A desregulamentação permitiu que o sistema financeiro se tornasse um dos principais centros de redistribuição de riquezas para os ricos ficarem mais ricos e os pobres mais pobres.

Os moçambicanos trabalham arduamente longas horas de tempo e recebem salários muito baixos. A partir do momento em que Moçambique optou em usar  políticas capitalistas houve um aumento de investimentos para a indústria mineira. Esses projetos empregam muitas pessoas, mas não melhoram as condições de vida dos Moçambicanos mais pobres, o que eles conseguem fazer é poluir aumentando doenças infecciosas como tuberculose para população.

4.2.1.      Caso Cateme – Vila de Moatize

Um dos exemplos que podemos citar é o caso de reassentamento das famílias que foram retiradas das suas habitações por conflitos de terra entre a população e a mineradora brasileira vale. O sucedido começou no bairro Cateme, no distrito de Moatize, em Tete, envolvendo mais de 700 famílias reassentadas e a Vale Moçambique, a companhia mineradora brasileira que explora o carvão naquela região do país, resulta não só da natureza do processo de reassenta mento, em si, promovido por aquela multinacional, como também de vários incumprimentos de prazos. Trata-se de um processo que foi sendo “mal gerido por esta empresa e pelos governos central, provincial e local”, constata o Centro de Integridade Pública (CIP), uma Organização Não-Governamental nacional (jornal o País, 18 de Janeiro de 2012).
Nesse problema existiram algumas famílias que saíram lesadas com a situação porque a vale não cumpriu com aquilo que havia combinado com as mesmas que era construção de casas melhoradas para as famílias que haviam sido transferidas com a construção da mineradora naquele ponto do país. Ao contrário do que havia sido combinado com a população a vale construiu casas não próprias para serem habitadas. Certas famílias recusaram receber as casas, alegando vários problemas: rachas nas paredes, deficiências no tecto, com compartimentos inferiores aos que tinham nas suas antigas casas, falta de grades de segurança e varandas. Estas queixas foram confirmadas tanto pela Vale como pelo secretário permanente do distrito de Moatize, Alberto Domingos Augusto Macamo.
O governador provincial de Tete, Alberto Vaquina, a 28 de Abril de 2010, ordenou a criação de uma comissão provincial liderada pelo Senhor Filipe Duarte, director provincial da Coordenação da Acção Ambiental de Tete, para lidar com o conflito. Na senda da resolução desse conflito, o líder da comunidade de Chipanga, Saize Roia, foi notificado pela comissão criada pelo Alberto Vaquina na altura governador de Tete, actual primeiro Ministro de Moçambique tendo sido ameaçado e acusado de agitador. Por outro lado, recebeu o aviso de que seriam tomadas medidas contra ele e contra todos os que pretendem inviabilizar o desenvolvimento. O secretário permanente de Moatize, Domingos Macamo, um dos membros da referida comissão governamental, confirmou o encontro havido com o líder comunitário Saize Roia, mas desmentiu ter havido intimidações. Esse é um caso prático de como a população é tratada quando se trata de multinacionais a querer operar no País. Os líderes locais são intimidados, a população é ameaçada e o povo fica sem nenhuma defesa continuando desta feita a aumentar a pobreza para a camada vulnerável e aumentando riqueza para os dirigentes.

4.3.Desenvolvimento de Moçambique e Globalização


Depois da independência, Moçambique sofreu alguns problemas relacionados com a economia e foi forçado a fazer parte do modelo capitalista. O modelo introduzido trouxe várias disparidades sociais. Os capitalistas depois de terem privatizado as empresas moçambicanas começaram a explorar os nativos. Tudo aconteceu quando nos anos 80, o FMI forçou Moçambique a implementar «programas de reajustamento estrutural» como pré-requisito para os empréstimos e ajuda para o desenvolvimento do país. As políticas de reajustamento estrutural forçaram Moçambique ao investimento estrangeiro e ao comércio internacional. Os salários dos trabalhadores governamentais como professores, enfermeiros, polícias e agrônomos tiveram de ser cortados dramaticamente. Para conseguirem manter um nível de vida aceitável, muitos trabalhadores governamentais tiveram que aceitar trabalhos extras, começando desta feita a aceitar subornos e corrupção.

Em face desses problemas identificados pensamos uma nova forma de desenvolvimento. O modelo de desenvolvimento local. Sabemos de antemão que o desenvolvimento local ocorrerá no ambiente de globalização, e isso pode trazer efeitos positivos e negativos para o país. No entanto, apostamos no desenvolvimento local porque esse será um processo endógeno e de mudança, isso significa que vai criar um dinamismo económico e vai criar melhor qualidade de vida para os Moçambicanos. Para tal, será necessária uma intervenção nos recursos locais e um protagonismo na utilização desses recursos. Através de uma organização e mobilização da população.
Estamos apostando na exploração das capacidades e potencialidades próprias de modo a criar raízes nas matrizes sócio- económicas e cultural das comunidades.
O desenvolvimento local irá melhorar a qualidade de vida das populações locais e garantir a distribuição igualitária da riqueza. Criar autonomia das finanças públicas e nesse processo todo devemos todos participar como atores ativos e de mudança.

5.      Acção prática com estudantes do ISET (Instituto superior de educação e tecnologia) sobre o tema
O debate envolveu estudantes do Curso de desenvolvimento Comunitário equipa 2011(Finalistas) e 2014(Primeiro ano de formação). O tema do debate estava centrado em torno da globalização no contexto de desenvolvimento de Moçambique. O debate foi muito interessante porque os estudantes mostraram-se maduros e entendedores do tema globalização. Alguns ainda não estavam muito informados quanto ao tema principalmente os estudantes da equipa 2014. Durante o debate, os que não tinham bom entendimento do tema fizeram muitos questionamentos e saíram com um entendimento profundo do tema. Os assuntos discutidos estavam mais virados para a globalização do ponto de vista social, econômico, político e cultural.
Do ponto de vista cultural, os estudantes eram unânimes quando diziam que os moçambicanos já não respeitam a cultura moçambicana porque agora querem mais optar pela cultura ocidental. Não valorizam as roupas, comida, capulanas moçambicanas, mas sim roupas de marca como Levis, adidas, lacoste, que são marcas estrangeiras.
Quanto á globalização do ponto de vista político, os estudantes afirmavam que com a introdução das políticas de reajustamento estrutural o pais ficou totalmente dependente do estrangeiro. Isso significa que Moçambique ficou com síndrome de pedir e receber ajudas externas.
No que tange a globalização do ponto de vista econômico, depois que Moçambique integrou-se nos países capitalistas a sua economia ficou nas mãos de instituições privadas, houve privatização de empresas nacionais como é o caso de indústrias têxtil, mabor e muito mais.

5.1. Quanto a participação da população na economia do pais acabamos concluindo que:

A população não participa na economia Nacional porque não é envolvida. Os governantes não têm feito relatórios que relatam a história de vida da população e quais são os anseios da população.
A população é manipulada e não é envolvida no processo de tomada de decisão sobre as suas rendas. A população não expõe os seus problemas econômicos por temer represálias dos líderes locais e da administração local. Outro factor de extrema importância que foi mencionado foi à corrupção desmedida. A maior parte dos governantes são corruptos e as vezes tem desviado alguns bens que deviam ser da população.

 5.1.2. As dificuldades vividas pelo povo em face de globalização são:
(i)     Aumento da pobreza porque eles não acesso á informação,
(ii)   Não têm formação de qualidade,
(iii) Não tem tecnologias sustentáveis que lhes possa facilitar o aumento da produção e produtividades agrícola.
(iv) Mesmo depois da formação não tem acesso a um emprego porque não tem experiência de cinco anos e domínio da língua inglesa que são a pré-condição para ter um bom emprego.
(v)   As associações que existem nas comunidades acabam falindo por falta de financiamento.

5.1.3. Efeitos da globalização para o desenvolvimento de Moçambique são vários, dentre eles positivos e negativos

O grupo que estava a favor da globalização mostrava como argumentos:
(i)     O avanço tecnológico,
(ii)   Livre circulação de mercadorias e pessoas pelo mundo,
(iii) Acesso á informação a nível mundial,
(iv)  Interação social entre os povos e
(v)   Igualdade entre as pessoas.

5.1.4. O grupo que estava contra a globalização em Moçambique, apresentava como pontos fortes:

(i)     A globalização não beneficia os pobres e nem traz desenvolvimento para Moçambique,
(ii)   Há pilhagem e roubo indiretos dos produtos nacionais,
(iii) Desvalorização da moeda nacional,
(iv) Surgimento de oportunismo,
(v)   Perda de valores culturais pela má interpretação da globalização,
(vi) Em suma, a globalização tem implicação negativa quer na economia, na cultura e na política por aumento de desigualdades entre os envolvidos.

5.1.5. As nossas idéias de como podemos fazer desenvolver Moçambique na globalização

(i)     O ponto que foi mais focalizado é apostar-se mais na formação de Moçambicanos em áreas chaves de desenvolvimento como: agricultura, indústria e mineração porque com a descoberta de recursos minerais, Moçambique irá precisar de muitos quadros formados nessas áreas.
(ii)   Outro ponto importante é a redução da dependência externa,
(iii) Criar bases sustentáveis para o desenvolvimento local (capacitar os camponeses em técnicas sustentáveis para produção agrícola).
(iv) Formar associações rurais e conceder empréstimos aos camponeses para aumentar os seus insumos,
(v)   Reduzir a corrupção, incentivando os funcionários públicos através de aumento de salários para sectores chaves como educação, saúde, segurança (polícias) e agricultura
(vi) Apostar em cursos profissionalizantes para os alunos que ainda estão em classes iniciais como 7ª classe. A criança deve ter uma especialização a partir da base,
(vii) Deve-se garantir uma formação de qualidade,
(viii)                       Deve haver fiscalização,
(ix) Pagamento de impostos por parte de toda a sociedade moçambicana,
(x)   Transferência tecnológica entre os estrangeiros e os nativos,
(xi) Produzir localmente e consumir os produtos locais.

       Capítulo III

      6.      CONCLUSÃO


Como conseguimos ver nos parágrafos acima, a globalização iniciou a muito tempo atrás. Desde a sociedade de caçadores e recoletores até os dias de hoje. Durante as nossas pesquisas descobrimos que nos tempos passados houve sempre desigualidades nas trocas comerciais.  Os países que se beneficiaram da globalização como é o caso dos EUA vem a globalização como um sucesso do capitalismo no desenvolvimento do mundo que é mais global.  Para aqueles que foram afectados negativamente (pobres) pela globalização, consideram- na como um processo perigoso para sociedade e meio ambiente.

Para o caso do nosso país que já está a participar na globalização deve melhorar o padrão de vida dos camponeses e trabalhadores. Para tal devem existir apoios que garantam que a maioria da população ganha e não apenas um punhado de gente, que são os governantes. Temos que ser activos na produção e promoção da economia local apostando na produção interna. O que conseguimos verificar durante o nosso estudo é que Moçambique tem falta de estratégias claras para o desenvolvimento. A elite Moçambicana apostando em IBWs pensa que está a acabar com a pobreza quando fica cada vez mais rico em detrimento da maior parte da população que vive na penúria.

O modelo Anglo-Americano que todas as instituições internacionais adaptaram como sua bandeira, criou mais bilionários e mil vezes mais pobres a nível Mundial. Durante o desenvolvimento da globalização Moderna o número de pessoas pobres a viver com um ou dois dólares americanos por dia aumentou em contradição com as promessas dos comerciantes livres.
Para que Moçambique consiga alcançar o tipo de desenvolvimento almejado por muitos precisa envolver o Povo na tomada de decisão. Não só, como também deve haver democracia participativa,  transferência tecnológica, apostar-se mais na formação profissional.

Com o presente estudo chegamos a concluir que a globalização em parte trouxe benefícios como por exemplo a tecnologia de informação para as comunidades, computadores, telefones a preços acessíveis para a população, facilidades de viajar de um ponto para o outro e muito mais . Agradecemos muito por Moçambique ter participado na esfera global e achamos que está na hora de acabar a globalização. Queremos apostar no desenvolvimento local.

Durante o debate com os estudantes acabamos concluíndo que não é necessário que Moçambique continue a fazer parte dos países globalizados porque os Moçambicanos estão a ser aculturados. Já não valorizam a sua tradição, já não compram os produtos localmente produzidos e não vestem roupas tipicamente Moçambicanas. Outro factor importante que podemos aqui mencionar é que Moçambique é rico em recursos minerais, naturais, florestas e ouro. Contudo, afirmamos que ele não é um país pobre mas sim carece de técnicas sustentáveis e pessoal formado para levar avante o processo de desenvolvimento.

A produção de Moçambique não está a beneficiar os moçambicanos, como é o caso da exploração da mina em Moatize, a Mozal, Rio Tinto, entre outras multinacionais que estão operando em Moçambique mas não ajudam no desenvolvimento dos Moçambicanos.

Em suma, as hipóteses desenhadas foram todas confirmadas porque depois do debate feito com os estudantes do curso de desenvolvimento comunitário acabamos concluindo que a participação dos pobres na economia nacional é crucial para que haja o desenvolvimento almejado. E a identificação das dificuldades enfrentadas pelo povo em face de globalização também pode melhorar a compreensão do desenvolvimento de Moçambique. Através de exemplos claros e concretos foi possível perceber até que ponto as comunidades desempenham um papel preponderante no contexto de desenvolvimento desde os séculos passados até a actualidade.


7.      BIBLIOGRAFIA

ALCOFARADO, F (2006) Globalização e desenvolvimento, Editora Garamond, São Paulo
ARTUR, L.(2008) Desenvolvimento Rural, 4º ano UEM Faculdade de agronomia e engenharia florestal;
FRENTE DE HISTÓRIA (2008), desigualdades econômicas globais, edição privada, P. 1257-1270
HANLON, J. SMART, T (2008) Há mais bicicletas, mas há desenvolvimento, editora de Maputo, SARL Moçambique
LACATOS, E, MARCONI, A. (2001) Metolodogias do trabalho científico 6ª edição, editora Atlas, São Paulo
MEDEIROS, F. (2007) Guia para a elaboração de monografias, 3.ed. Instituto de ensino superior FUCAPI;
STEGER. M. A Globalização – Compreender, capitulo 2, p. 26-40.
TAIMO, J (2010) Ensino superior em Moçambique: História, Política e Gestão Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Metodista de Piracicaba, São Paulo.



[1]http://www.significados.com.br/historia/ 09-07-2012
[2]Wikipédia, a enciclopédia livre.

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